Henry Corbin foi um filósofo e teólogo nascido em Paris, e tem sido considerado um dos maiores eruditos em filosofia e misticismo. Ele foi professor da Universidade de Sorbornne (França) e da Universidade de Teerã. Participou das conferências de Eranus, na Suíça, juntamente com Jung e Durand, além de ter sido o primeiro a traduzir as obras de Martin Heidegger e Karl Barth para o francês. Ele introduziu o conceito do Mundo Imaginal no pensamento do ocidente, que influenciou o desenvolvimento da psicologia arquetípica de Hillman. É um dos tradutores mais importantes da obra de Surahwardi e Ibn Arabi. Porém seu maior legado foi uma nova base de compreensão para as religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), livre de limitações fundamentalistas de qualquer ordem. Longe de ter um interesse apenas acadêmico sobre esses assuntos, ele mesmo descreve como foi tocado, em sua juventude, à beira de um lago, por certas experiências que nortearam sua vida: “Tudo é apenas revelação... as nuvens estão claras, os pinheiros ainda não escureceram e a luz do lago os faz brilhar... tudo é verde. Não é necessário empertigar-se como um conquistador e querer dar nomes às coisas; elas é que dirão a você o que elas são, se você ouvir, se você ansiar por isso como um amante. E subitamente, na paz imperturbável desta floresta do norte, a Terra vem até você, visível como um Anjo ou talvez como uma Mulher, e nesta solidão densamente povoada e intensamente verde, o Anjo se apresenta também recoberto por um manto verde, o verde da terra, do silêncio e da verdade. Então, surge em você toda a doçura que está presente nesse momento de entrega a esse abraço triunfante. A cada momento em que você compreende a verdade daquilo que se apresenta, onde você ouve o Anjo, a Terra e a Mulher, você recebe Tudo, Tudo. Você, em sua pobreza absoluta, é o necessitário, você é o homem; e ele é o Divino, e você não pode conhecê-Lo, ou ao Anjo, ou à Terra, ou à Mulher. Você deve ser encontrado, tomado, conhecido – só assim eles poderão lhe falar. Do contrário, você permanecerá só.”
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Ver > Suhrawardi e >Ibn Arabi abaixo
Tom Cheethan é um americano que tem despontado como um dos maiores revisores da obra de Henri Corbin, dando continuidade ao seu legado de buscar uma nova perspectiva sobre as religiões abrâmicas. Recentemente, ele publicou uma trilogia fundamental para a compreensão dos atuais paradigmas que envolvem o desenvolvimento espiritual.
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W. Chittick nasceu em Connecticut e completou seu PhD em literatura persa na Universidade de Teerã, sob a orientação de Hossein Nasr. Atualmente ele é professor da State University of New York. É considerado uma autoridade na tradução e interpretação da obra de Rumi e de Ibn Arabi.
Sugestões de Livros
Ver >Ibn Arabi abaixo
Hossein Nasr nasceu em 1933 em Teerã e atualmente, é professor da George Washington University. É considerado uma das maiores referências sobre Islamismo e Sufismo.
Sugestões de Livros
Rabia nasceu em circunstâncias humildes e foi vendida como escrava quando era ainda criança. Mais tarde, ela fixou residência em Basra onde foi reconhecida e estimada como uma santa. Ela é considerada como a primeira pessoa a introduzir o caminho místico do amor na tradição sufi e islâmica de forma livre e independente de quaisquer formulações religiosas ou sociais de seu tempo e cultura. Ela é reconhecida como uma das mulheres mais importantes de toda a história do Islão, bem como uma poetiza cuja obra apresenta uma rara mistura de sabedoria e beleza. A ela são atribuídos vários poemas que servem de referência ao caminho do coração: “Em minha alma existe um templo, um santuário, uma mesquita, uma igreja onde me ajoelho. A oração deveria nos trazer a um altar onde nenhuma parede ou nome existe. Não há uma região do Amor onde a Soberania não é iluminada por nada, onde o êxtase jorra para dentro de si mesmo e se perde, onde as asas estão totalmente vivas, mas não há mente nem corpo? Em minha alma existe um templo, um santuário, uma mesquita, uma igreja que se dissolvem, que se dissolvem em Deus.”
Outras Biografias
Suhrawardi (Shihab al-Din Abu al-Futuh Yahya ibn Habash ibn Amirak al-Suhrawardi ou Sheique al-Ishraq) nasceu numa vila na Pérsia. Ele estudou em Zanjan e Isfahan até completar sua formação em religião e ciências filosóficas e aderiu ao Sufismo. Ele se instalou em Aleppo onde, devido à oposição com certas ideias predominantes em seu tempo, ele foi morto ainda muito jovem, com 38 anos de idade. Suhrawardi foi um grande místico e filósofo e restaurou no coração do Islão a philosophia priscorium (al-hikmat al-atiqah) que pode ser traduzida como filosofia antiga ou venerável, e é fruto do treino do intelecto e da purificação do coração através do Sufismo. Seus tratados estão entre as obras primas da filosofia islâmica, e partem dos pressupostos de Avicena e dos Peripatéticos e culminam em seu livro Hikmat al Ishraq. Poucos escritores combinaram com tanta maestria e profundidade uma metafísica de altíssimo nível com uma prosa poética de tanta beleza e qualidade literária. Ele integrou o Platonismo com a angeologia Mazdeana na matriz da gnose islâmica. Ele afirmava que existiram duas tradições de origem divina: uma delas surgiu em Pitágoras, Platão e outros filósofos gregos até Aristóteles, e a outra, nos sábios da antiga Pérsia. Ele também identificou Hermes com o Profeta Idries, a quem concedeu o nome de Pai dos Filósofos, e foi considerado como o recipiente do conhecimento celeste, que deu origem à filosofia. Foi finalmente no coração do Islão que essa tradição foi restaurada por Suhrawardi e recebeu o nome de Filosofia da Iluminação (al- hikmat al-ishraq).
Abu Abd Allah Muhammad ibn al-Arabi é provavelmente o autor sufi mais influente na história islâmica. Ele foi chamado de Muhyi al Din “O Revificador da Religião” e de al-Shaykh al-Akbar“O Maior dos Mestres.” Exerceu influência no pensamento de todos os sufis posteriores, que expressaram seus ensinamentos em termos filosóficos e espirituais. Ele foi capaz de combinar as várias correntes esotéricas do mundo islâmico de seu tempo - os pitagóricos, a alquimia, astrologia e diferentes perspectivas do Sufismo – em uma vasta síntese moldada pelo islamismo. Ele nasceu em Múrcia (na Espanha) e se estabeleceu em Damasco, onde um círculo de discípulos, incluindo al-Qunawi, acompanhou-o até sua morte. Um de seus poemas mais famosos pode ser encontrado no seu Tarjumán al-Ashwáq: "Meu coração pode assumir qualquer forma - um pasto para gazelas, um claustro para os monges cristãos, um templo para os ídolos, a Kaaba para os peregrinos, as tábuas da Torá ou as páginas do Corão - pois minha religião é a religião do Amor. Qualquer que seja a direção que o Amor tomar, esta será minha fé e minha religião."
Ver >William Chittick acima
Mevlana Jalaluddim Rumi nasceu em Balk, antiga Pérsia e atual Afeganistão. Seu pai, Bahauddin Walad, foi um dos maiores eruditos de seu tempo, conhecido como Sultan Ulema, o Sultão dos Sábios e teve influência decisiva na formação de Rumi. Bahauddim migrou ao longo de alguns anos com sua família, até estabeleceu-se em Konia (Turquia). Com a morte de seu pai, Rumi assumiu a sua madrassa aos 24 anos. Ele era reverenciado por todos seus discípulos, e a população em Konia o chamava de Mevlana (nosso mestre). O impacto da obra de Rumi transcendeu os limites do Sufismo e do Islão. A universalidade e humanismo de suas idéias e posturas foram responsáveis por reunir à sua volta discípulos de todas as religiões e tradições. O que distingue sua poesia e idéias, bem como sua trajetória pessoal, é a forma apaixonada com que buscou, nas expressões da Beleza e do Amor, os elementos intrínsecos da relação do homem com o Criador e com a própria criação. Mevlana é o poeta do Amor, mas um amor que não está baseado em fantasias e ilusões, mas na luta desesperada e apaixonada da alma em encontrar a Verdade. E nessa luta é possível atingir a compreensão de que tudo o que separa a alma de seu objetivo é a própria incapacidade do ser humano em atingir sua plenitude. Somente após remover os véus causados pela própria cegueira é que será possível penetrar nesta saudade e amor, que faz girar o universo, eternamente inebriado pela beleza e perfeição.
Livros sugeridos
Livros em português
Carlo Suarès nasceu na Alexandria (Egito) e viveu na França. Como escritor e filósofo ele se dedicou principalmente a estudar a Cabalah tendo escrito uma trilogia que é considerada como referência ao tema.
Outros livros sugeridos
Kaplan é um rabino nascido em Nova Iorque considerado uma autoridade em Judaísmo e um estudioso importante da Torah, Talmude e Cabalah.
Textos relacionados
Livro sugerido
O termo hesicasmo deriva do grego e significa calma, quietude e silêncio, designando uma tradição desenvolvida no Cristianismo Ortodoxo Oriental. Especialmente popular entre os monges do Monte Athos na Grécia floresceu no século 14 e tornou-se a religião oficial da Igreja Ortodoxa Grega em 1351. Suas características principais são a ênfase no ascetismo solitário e na contemplação, na repetição da Oração do Coração ou Oração de Jesus, a leitura da Filocalia e a teologia da Luz Não Criada. A contemplação dessa luz seria o objetivo do homem na terra, e consiste em atingir a mais íntima união com Deus. Simeão é considerado o maior místico dessa tradição, tendo-a feito avançar em direção a um sistema que é tanto filosófico quanto espiritual.
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Santa Teresa nasceu em Ávila na Espanha e foi uma freira Carmelita. Junto com São João da Cruz fundou a Ordem das Carmelitas Descalças. Ela considerava que a alma é capaz de transformar-se até atingir um estado de perfeita união com Deus. “Se refletirmos, veremos que a alma do homem justo nada mais é que um paraíso onde Deus se deleita. O que você imagina que é esta morada, onde um Rei tão poderoso, sábio e tão puro encontra todo o bem e pode deleitar-se e descansar? Nada pode ser comparado com a grande beleza e as capacidades de uma alma; por mais sábio que o intelecto seja, ele é incapaz tanto de compreende-las quanto de compreender a Deus, pois como Ele nos disse, ele nos criou segundo Sua própria imagem e semelhança… Imagine, como eu disse que existem várias salas nesse castelo [que representa a alma]… e no centro, bem no meio de todas elas, está a câmara principal onde Deus e a alma permanecem em sua mais secreta união íntima... Mesmo que você imagine o castelo como sendo enorme, espaçoso e magnificente, você nunca poderá exagera-lo; a capacidade da alma está além de toda a compreensão, e o Sol no interior desse palácio ilumina cada parte dele.” (The Interior Castle or The Mansions)
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The Letters of St. Teresa
São João da Cruz nasceu perto de Ávila na Espanha. Foi o responsável por reformar a Ordem das Carmelitas e, junto com Santa Teresa d’Avila, fundou a ordem das Carmelitas Descalças. Sua visão da alma - um elemento inerente ao ser humano que anseia pela união com o Criador e que deve ascender e transformar-se em busca de atingir a perfeição - é vista como um dos mais belos exemplos da teologia mística de todos os tempos. Sua poesia é também considerada o ápice da literatura espanhola: “Oh llama de amor viva, que tiernamente hieres de mi alma en el más profundo centro! Pues ya no eres esquiva, acaba ya, si quieres; rompe la tela de este dulce encuentro!” (Llama de amor viva)
Eckhart foi um teólogo e místico alemão que considerava que a maior necessidade da alma humana é estar unida a Deus; assim, a alma precisa conhecer a Deus e sua relação com o mundo, e precisa conhecer a si mesma e os caminhos que deve percorrer para atingir esse objetivo. Em sua inclinação a esse tipo de questão, Eckhart seguiu um caminho independente que nem sempre esteve em harmonia com a religião institucionalizada de sua época.
Boehme foi um teólogo e místico alemão, que após uma série de visões epifânicas, escreveu alguns tratados religiosos que ficaram famosos. Sua reflexão partia do esforço em entender a transição da unidade ilimitada da Mente Divina a um aspecto auto-imposto de limitação. Ele mantinha que essa limitação era necessária para que a Mente Divina pudesse apreender a si mesma como Deus. A Deidade necessitava experimentar essa epifania na natureza para tornar-se totalmente autoconsciente. “Fundamentalmente,” Boehme escreveu, “Deus não sabe quem Ele é, pois não conhece nenhum início, e nada como Ele, e também, nenhum fim...” Nas criaturas finitas, no entanto, Deus encontra sua própria revelação refletida como em um espelho. “Na mente Divina não natural, em um estado diferente de algo criado (ou de uma criatura) não há nada mais que uma simples vontade, que é também chamada de Deus Uno, que não deseja nada exceto encontrar e abraçar a si mesmo, ir além de si mesmo e, através dessa expansão, trazer a si mesmo à visibilidade (Beschaulichkeit). Essa visibilidade deve ser compreendida tanto como o espelho da sabedoria da Mente Divina quanto o olho através do qual Ela vê.” (Election of Grace)
Swedenborg foi cientista, filósofo, teólogo e místico, nascido na Suécia. Por volta dos 50 anos ele teve uma série de experiências místicas que o conduziram a escrever vários tratados teológicos, entre eles Heaven and its Wonders and Hell que é considerado sua obra mais famosa. Vários autores parecem ter sido influenciados por suas ideias, entre eles, Emerson, Baudelaire, Balzac, Yeats, Borges e Jung.
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William James foi um psicólogo e filósofo que publicou uma vasta obra de grande influência no pensamento ocidental, especialmente sobre a psicologia da experiência espiritual e religiosa. Foi muito influenciado por seu pai, um excêntrico teólogo adepto das ideias de Swedenborg.
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Sugestão de autor
Camden Benares